A Igreja não celebra a santidade de um cristão que se
encontra no Céu, mas sim, de todos. Isto, para mostrar concretamente, a vocação
universal de todos para a felicidade eterna. “Todos os fiéis cristãos, de
qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição
da caridade. Todos são chamados à santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso
Pai celeste é perfeito’ “(Mt 5,48) (CIC 2013).
Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão
do Abade São Bernardo: “Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para
que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que,
segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de
nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é
nosso, não deles”.
Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam
o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta
Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos
“heróis” da fé, esperança e caridade. Na verdade é um convite a olharmos para o
Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do
triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com
Cristo, formando uma “constelação”, já que São João viu: “Era uma imensa
multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e
línguas” (Ap 7,9).
Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação,
pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários,
empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou
religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser
humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade.
Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que
passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado,
profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta
de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos
seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo
pela Pátria definitiva, pois “não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois
concidadãos dos santos, sois da Família de Deus” (Ef 2,19).
Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus
filhos: “O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige
a todos os fiéis cristãos.” “A perfeição cristã só tem um limite: ser
ilimitada” (CIC 2028).
Ou Santos ou Nada
Todos os santos de Deus, rogai por nós!